Sobre reduzir as dores emocionais a apenas uma coisa
- Débora de Cássia Martins
- 19 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Naturalmente construímos um pensamento reducionista de que há soluções unilaterais para resolver qualquer problema:
"Se minha mãe tivesse lido histórias para mim quando eu era criança eu não teria essa dor emocional hoje".
Uma sessão psicanalítica é um desses lugares que vamos em busca de 'resolver' uma dor emocional e damos de cara com uma teia de questões que envolvem essa dor, que as dores que enfrentamos não são de causa e consequência, mas de vários elementos que se juntam, como um bolo de chocolate que precisa de vários ingredientes para ser feito e não apenas farinha de trigo.
A gente percebe, de um jeito, por vezes estranho, que as coisas não são tão simples assim, que não dá para se controlar as situações ou fazer com que as coisas sejam diferentes do que são, que por mais que quiséssemos que nossos pais tivessem todos os ingredientes de ponta para fazer um bolo eles não tinham nem acesso ao mercado para comprar, às vezes nem o dinheiro, e em outras nem sabiam o que era fermento ou farinha.
A gente percebe no caminho que as coisas são complexas, que reducionismos não cabem dentro da vida mental e emocional, nem na construção da vida que tivemos. Não temos dificuldades porque "nossa mãe não passou a mão na barriga quando lá estávamos" ou simplesmente porque "não tivemos atenção dos nossos pais", mas por uma junção sem fim de pontos que envolvem a pais, irmãos, parentes, escola, sociedade, amigos, pais dos amigos, o modo como interpretamos a vida e as questões, a própria construção biológica do cérebro da criança e outros mais.
A gente percebe a problemática que não se 'resolve' questões emocionais, mas que as ressignifica dentro de um experiência emocional reparadora e que isso leva tempo, isso requer energia e coragem, isso requer disposição.
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