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As barreiras que levantamos contra a vida

  • Foto do escritor: Débora de Cássia Martins
    Débora de Cássia Martins
  • 28 de set. de 2023
  • 2 min de leitura
Crianças carregam consigo uma beleza brilhante. Quando se aproximam de algo elas brincam, se veem curiosas, olham de canto de olho, colocam a boca, depois os dedos, se jogam em cima, se lambuzam e se sujam. Em outras palavras elas experimentam tudo aquilo que vivem. São os olhos curiosos diante de um mundo que é sempre novo.

Carregamos lembranças de nossa infância também, lembranças polidas em verniz e lustradas com óleo de peroba. Não dá a impressão de que na infância tudo era mais vívido e cheios de cores? Que o cheiro do café era mais intenso do que o café que coamos na adultez? Que o pão era mais saboroso, o abraço era mais demorado e consolador, a temperatura da água da piscina ou da cachoeira era mais gelada? E que hoje o mundo não é como antigamente?
E realmente não é. Ele mudou e nós também. Deixamos a curiosidade infantil para levantarmos muros contra a experiência. Parece que a gente vai ficando mais velho e a gente vai se protegendo cada vez mais do mundo. As pessoas vão ficando mais perigosas aos nossos olhos, e vamos nos escondendo atrás de uma armadura cada vez mais grossa e rígida.

As coisas já não tem mais o mesmo brilho porque perdemos o interesse em conhecê-las. Também, oras bolas, já sabemos o que vai acontecer, né? Qualquer pessoa que use azul vai trair a gente como aquele amigo há tantos anos atrás. Alguém que use o cabelo preso, é batata, vai sair falando mal da gente por aí e vamos nos ferir. Melhor mesmo é ficar quietinho dentro da proteção para não corremos o risco de nos ferirmos...

E realmente a armadura funciona! Ela nos protege nos perigos diários que podemos enfrentar, impede que a flecha atinja nosso coração em cheio! Dá até a impressão de que vai impedir que um pernilongo nos pique a noite!

Se por um lado ela nos faz proteção, por outro, vamos nos distanciando das experiências e a vida vai ficando tão borocochô... já não dá mais para dar aquele mergulho na água, a armadura pesa. Se lambuzar de lama é complicado, depois vamos ter que esfregar para tirar a sujeira. Comer laranja despreocupadamente exige tirar o almofre e depois o elmo e depois voltar o almofre e depois o elmo... puxa, que trabalheira.

Se pararmos para pensar vamos ver que essa constante barreira contra a vida é o que nos adoece. Precisamos crescer, trazemos com a gente essa motilidade, ficar trancafiado, evitando viver vai mofando a gente por dentro.

Às vezes é preciso reaprender a abrir o coração para experimentar as situações, permitir que sejamos tocados no lugar de sempre levantarmos barreiras contra qualquer experiência que apareça.



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