top of page

Por um cuidado integral ao ser humano

  • Foto do escritor: Débora de Cássia Martins
    Débora de Cássia Martins
  • 28 de set. de 2023
  • 2 min de leitura
Defender a favor de um cuidado integral ao ser humano é defender uma abordagem que reconhece e valoriza a complexidade e a interconexão de todas as dimensões que compõem a existência humana. É olhar o ser humano a partir dos fatores que o compõe em suas esferas biológica (seu corpo e aquilo que o atravessa), psicológica (sua personalidade, história de vida, dores e amores) e social (que engloba o impacto que a família, a comunidade e as tendências sociais têm sobre o indivíduo).
Quando se trata de cuidado psíquico ou aquilo que se ouve como "saúde mental", é necessário ampliar cada vez mais a visão sobre a pessoa, considerar que não é apenas as crenças ou o modo como ela vê a vida que causa dor, mas que há uma combinação entre instâncias biopsicossociais que influenciam na qualidade de vida da pessoa.

A problemática, nesse quesito, se situa em ir ao psicólogo e ser visto apenas sua parte "psíquica ou emocional"; no psiquiatra considerado apenas o "biológico". O corpo dessa pessoa, seu estilo de vida, sua alimentação, seu físico, vão ficando para trás esquecidos, como se apenas restasse ao ser uma mente.

Aliás, esse é um problema que temos vivenciado de forma ampla, uma dicotomia entre mente e corpo, que remonta a Descartes em sua célebre frase "Se penso logo existo". Corpo e mente foram separados. O cuidado do corpo fica a encargo dos médicos e a mente nas mãos dos psiquiatras (que também são médicos). Uma separação que vai tomando proporções cada vez maiores, principalmente, com as mudanças paradigmáticas vivenciadas na sociedade nos últimos anos e nos alienando mais e mais de nosso corpo e do contato com ele. O adoecimento dele não é levado em conta quando a pessoa chega no consultório falando que seu humor está mais pra baixo, que a ansiedade está alta, que as noites de sono não estão boas.

Não é apenas olhar a pessoa e dar uma medicamento ou procurar entender as causas psicológicas dessa dor, é preciso um olhar mais abrangente, saber como tem sido a alimentação dela, o quanto de exercício tem feito, como estão as relações intrapessoais, como está a fé e o contato com a natureza, saber se há doenças crônicas ou não. É preciso ver se os hormônios estão bem, se falta algum nutriente importante nesse corpo.

Quando olho para as pessoas que chegam até mim no consultório psicanalítico vejo, muitas vezes, pessoas sofrendo e buscando alguém que as escute e as ajude a pensar em si e num cuidado de si para além de algo raso e limitado. Por vezes elas não conseguem perceber a abrangência e quão complexa é a vida humana. As causas para uma dor não são apenas uma ou duas coisas, mais a confluência de águas vindas de variados rios e córregos. É preciso ter atenção para esses lugares. É preciso querer escutar para conhecer e entender essa pessoa e suas dores.

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2 Post

©2021 por Débora de Cássia Martins. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Instagram
bottom of page