O Vazio e o Comer
- Débora de Cássia Martins
- 28 de dez. de 2021
- 1 min de leitura
Lidar com o luto, com a angústia e com o vazio não é algo fácil. Nadinha fácil.
Eu não me surpreenderia com alguém me falando que após um luto, um término ou uma situação desafiante ou angustiante a comida passou a ser uma procura constante.
A nossa primeira relação de afeto foi em volta de comida, envolvendo a mãe e seu leite. E nesse mesmo seio (ou mamadeira) vivemos conflitos internos específicos de bebês, que acabam de chegar ao mundo com um turbilhão de sentimentos caóticos. Muitas das vezes foi esse colo que nos deu acalento diante desses sentimentos confusos.
Crescemos. Revivemos experiências. Procuramos por alento, por cuidado, por amor. Se quando fui bebê o bem-estar chegava pelo alimento hoje posso reviver a sensação comendo. Por que não?
Talvez estejamos buscando por esse porto seguro, e a comida é o que mais nos remete a essa lembrança e segurança e cuidado. E quanto a isso, não vejo nenhum problema.
Todos os seres humanos podem passar por essa busca, por esse sentir.
Agora, se isso te dói, ai é outra questão a ser pensada. Talvez possa considerar buscar construir outras formas de alento, como tendo uma pessoa de suporte diante da vida, estar em laços afetivos que possam oferecer afeto e carinho, desenvolver outros caminhos para estar com outro de forma saudável.
Temos necessidade psíquica de ambientes saudáveis e nutridores, não dá para suprir todas as nossas necessidades sozinhos. Precisamos também do Outro.
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