O falecimento de Nina
- Débora de Cássia Martins
- 28 de dez. de 2021
- 1 min de leitura
Nina faleceu hoje, no auge dos seus 4 anos. Um acidente a levou para o outro plano e deixou no meu coração um vazio. Minha mãe chorou muito e falou "Por que ela foi para a rua atrás dos outros cachorros?". Essa pergunta me pegou de jeito e me levou a refletir sobre a impossibilidade do controle. Nós cuidamos de nós e dos nossos, mas não é possível proteger nada nem ninguém da vida.
A morte, a dor e o luto faz parte da vida. É algo inerente dela e por mais que a gente tente ter uma atitude de controle e proteção de nada adianta. A nossa fantasia de onipotência nos traz um acalento de que é possível eu fazer algo que eu quero com minha vida, que é possível eu colocar os meus abaixo das minhas asas e blindá-los de qualquer mazela. Essa fantasia amortece a nossa fragilidade e nos reveste de certa potência. O cuidado com essa fantasia é para não cairmos numa posição saudosista de que "minha perfeição e onipotência vai me conferir um paraíso"; o que além de fantasia é ilusão.
A perfeição não vai proteger "algo de se quebrar". A vida por si só tem seus mecanismos que quebram a ordem das coisas e diante da vida somos apenas participantes e apreciadores. E aos pés da vida, diante dos ciclos que ela mesma confere nos resta aceitar a dor, acolhê-la e se adaptar. Adaptação essa que a vida nos imbuiu ao nascer. Ela já sabia que as coisas funcionam conforme as suas próprias leis e nos deu a adaptabilidade para conseguirmos seguir, nos reinventando diante dos trágicos e das mazelas.

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