A contribuição da Filosofia para o campo da Psicologia
- Débora de Cássia Martins
- 28 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Por Débora de Cássia Martins et al
O pensar filosófico iniciou-se com os pré-socráticos indagando a arché a partir de uma reflexão cosmológica, no intuito de trazer outra possibilidade de respostas além dos mitos. Nesse ínterim, ciência e filosofia caminhavam juntos já que o conhecimento sobre a alma , a matemática e a astrologia constituíam um amálgama, pensados todos pela filosofia. A fragmentação desse pensar se deu no século XVII a partir de pensadores como Galileu e Descartes que contribuíram para a estruturação da ciência como campo de saber independente da filosofia a partir de uma delimitação do objeto estudado e o aperfeiçoamento do método de pesquisa fundado na experimentação e matematização. Em decorrência, no fim do século XIX e início do século XX, a psicologia inicia também seu percurso desmembrando-se da filosofia, construindo seu próprio campo de conhecimento no campo científico, levando a um apartamento do olhar subjetivo do ser humano, que lhe era essência até então, para galgar passos nos dados e experimentações.
Essa disruptura leva a psicologia a olhar o indivíduo de forma determinista e limitada, a nível biológico, reduzindo o estado patológico do sujeito à variação quantitativa de fenômenos fisiológicos. Essa forma de olhar permitiu o estabelecimento de uma relação de poder e dominação sobre o indivíduo diminuindo-o a uma simples visão orgânica e individual sem considerar a totalidade do mesmo.
Freud, no século XX, resgata o âmago da psicologia, trazendo à tona, novamente, a subjetivação como objeto de estudo, provocando um retorno ao pensamento filosófico. Pensamento filosófico esse que é uma reflexão crítica do pensar, que está em busca de verdades, mas sem intenção de tê-la por posse. Uma atitude que pensa o cotidiano em uma dúvida hiperbólica com uma visão de conjunto interdisciplinar, fazendo juízos de valor sobre seu objeto de reflexão.
Dessa forma, a atitude filosófica colabora para uma volta às origens da psicologia, desprendendo-a das estâncias de poder que subjuga o indivíduo, considerando o contexto social, político e econômico e uma atitude interdisciplinar para compreender o sujeito, levando à descarte as verdades absolutas, os reducionismos e permite a psicologia sair da ingenuidade científica unilateral.
Uma vez que a filosofia pensa a dignificação do homem, ela pode vir a ser um estorvo para a psicologia científica, que, de certa forma, busca a "colonização do outro" ao propor respostas sectárias para ele, além de formas de dominação e descaracterização do sujeito quando o coloca como um número em uma tabela de dados, desconsiderando todo o contexto.
Assim, a psicologia que preconiza, desde sua gênese, compreender o ser humano profundamente em base de sa individualidade, pode aliar-se à ciência para oferecer caminhos mais coesos e íntegros ao indivíduo sem perder de vista seu objetivo primário, a exemplo, usando do método científico para diagnóstico e tratando o sujeito a partir de sua singularidade.
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