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Filme 'Enrolados' - uma análise da mãe de Rapunzel

  • Foto do escritor: Débora de Cássia Martins
    Débora de Cássia Martins
  • 28 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

Assisti com minha filha o filme Enrolados e me surpreendi com a mãe narcísica que Rapunzel tem e me lembrei dos inúmeros relatos em clínica que ouvi sobre esse tipo de mãe.

Nesse tipo de comportamento a mãe narcisista coloca o filho como mero objeto de extensão dos seus desejos, ela não consegue ver o filho como uma pessoa diferente e separada dela que tem seus próprios desejos e anseios na vida. Normalmente essa mãe vai rebaixar o filho criticando tudo o que ele faz, critica o corpo, os gostos, os pensamentos. Não há apoio nas conquistas. Ela incute muita culpa e age como se o filha fosse incapaz de fazer qualquer coisa por si só. Tudo o que ele faz é errado, feio, sujo. Podendo haver uma depreciação em detrimento de outro filho.

O filho não tem a liberdade de se construir como um sujeito independente e acaba rolando muita chantagem emocional da mãe - às vezes chantagens de cunho muito baixo. A mãe se coloca como portadora de uma verdade na qual o filho só será feliz se seguir suas direções (que são mais ordens).

O que noto de interessante é que a mãe é a dominadora da casa, ela controla tudo e todos, chegando às vezes induzir o pai a agir da mesma forma. A figura do pai nesse contexto é frágil e submissa. Ele não consegue estabelecer o limite de separação entre mãe-bebê. A posição do filho é de impotência e chegam na clínica muito fragilizados, sem saber quais são seus desejos, se sentindo muito inferiorizados, às vezes com grande falta de noção de um corpo físico e com tendência a desordens alimentares.

Normalmente é um processo longo o filho conseguir lidar com essa realidade, justamente pela mãe se colocar num lugar que sem ela o filho não existe. A existência está entrelaçada.

O analista, nesse processo, precisa acolher e estabelecer um ambiente saudável, reconhecendo o analisando e acolhendo a angústia que pode suscitar perante a iminência de separação psíquica.

Aqui meus pensamentos se expandem questionando se no caso de a separação psíquica (o que é esperado de toda relação saudável) entre eles não se der em vida o que será do ego desse filho se a mãe vem a falecer primeiro. Talvez possamos pensar em uma depressão ou estado de melancolia profunda devido a não conseguir pensar a existência sem a mãe.




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